Instituto Pensar - Racismo: após denuncia, jovem é demitido sem justificativa

Racismo: após denuncia, jovem é demitido sem justificativa


Após ser vítima de racismo e denunciar o crime, Izac Gomes é demitido de empresa. Foto: Reprodução/TV Globo

O supervisor operacional do condomínio da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, Izac Gomes, onde foi vítima de racismo por parte do vereador de Embu, em São Paulo, Renato Oliveira (MDB), em janeiro, cujo desfecho do caso envolveu até PMs fardados dentro de uma piscina imobilizando o parlamentar para levá-lo preso, foi demitido pela empresa Estrelas Full Condiminium, que administra o local. O desligamento do empregado teria ocorrido pouco tempo depois do episódio em que ele foi vítima de palavras discriminatórias.

Funcionário por quatro anos, sem jamais ter recebido qualquer advertência, Gomes foi informado que estava fora da empresa e que também ficaria sem o apoio jurídico que recebia no caso em que acusou o vereador paulista de racismo, dez dias depois de ter aparecido para todo Brasil sendo ofendido por Oliveira.

"Foi uma demissão muito injusta e muito estranha? Primeiro, sofri racismo. Dez dias depois, fui humilhado em uma sala de reuniões, enxotado e demitido?, relatou o supervisor à Rádio CBN.

Desamparado juridicamente, a deputada estadual fluminense Mônica Francisco (PSOL), que é presidente da Comissão de Trabalho e de Combate às Discriminações e Preconceitos de Raça da Assembleia Legislativa do Estado do Rio, encaminhou o caso de Gomes para o Núcleo contra a Desigualdade Racial da Defensoria Pública, para que o ex-funcionário proceda com a denúncia contra o antigo empregador.

Entenda o caso

Na última semana de janeiro deste ano, o presidente da Câmara Municipal de Embu das Artes, no interior de São Paulo, o vereador Renato Oliveira (MDB-SP) foi detido acusado de racismo dentro de um condomínio em Curicica, na zona oeste do Rio.

O vereador resistiu à ordem de prisão, e um policial militar precisou entrar na piscina onde estava o vereador para conseguir detê-lo.

Polícia Militar informou, por nota, que foi chamada ao local para conter uma confusão entre os frequentadores da piscina no domingo (23). Testemunhas contaram aos policiais que o parlamentar ofendeu moradores e um funcionário do espaço com frases racistas.

Toda a confusão foi registrada em vídeos que foram publicados nas redes sociais. Durante a resistência à prisão, o vereador xingou os policiais e precisou ser contido. Moradores do condomínio ajudaram a imobilizar o vereador, que foi levado para a 32ªDP (Taquara).

Os moradores pediram que ele se retirasse da piscina após as ofensas e chamaram a polícia após ele ter negado e ter continuado a agredir os residentes e funcionários do local. Ao fim, eles aplaudiram os PMs e vaiaram o vereador.

Renato Oliveira foi liberado, e o inquérito vai ser encaminhado para a Justiça. Ele nega que tenha sido racista. O vereador contou ao G1 que a confusão começou por causa de uma caixinha de som ligada por ele e disse que sequer conversou com o funcionário que o acusou de injúria racial.

"Pela manhã, cheguei na piscina e estava conversando com alguns senhores que estavam lá, inclusive brinquei com um. Tava com uma caixinha de som, um deles botou até uma música, e depois informaram que não podia som. Eu desliguei e falei que não sairia da piscina. A polícia veio, eu me desculpei com os outros moradores pelo o acontecido, com a orientação dos policiais de que eu poderia permanecer, eu fiquei lá tranquilo na piscina?, contou.

"Quando novamente eles [moradores] chamam a Polícia Militar, volta e o cabo Henrique pediu para que eu saísse. Mas não tinha crime nenhum. Um dos funcionários do condomínio, que eu sequer tinha falado com ele, fato confirmado na delegacia por três testemunhas, me acusou de injúria racial, que não tem nada a ver comigo, nada a ver com minha forma de tratar e o denunciei por denunciação caluniosa e a funcionária que foi com ele por falso testemunho?, completou.

Com Henrique Rodrigues



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